BBB 15 e a misoginia nossa de todo dia

Não assisto Big Brother. Já assisti. Não tenho absolutamente nada contra o programa a não ser o fato de que a mim não atrai, e me atraio menos ainda por quem o critica por ranço pseudo intelectual.

No entanto, o programa que tem penetração na casa de milhares de pessoas, tem também enorme audiência nas redes sociais, tanto é, que o maior portal brasileiro, o UOL, tem uma editoria dedicada ao reality show.

Graças às redes e ao UOL, sei que tem um participante que é misógino, perseguidor de mulher etc etc. Também sei, pelo mesmo motivo, que um segundo participante confessou ter dado um soco em uma mulher. Apenas um soco, parece que ele disse. Já levei apenas um soco, colega. Já levei um empurrão, colega. Conheço mulheres que foram espancadas, colega. Ouvi falar de outras que foram espancadas até a morte, colega. Um empurrão. Uma surra. Um soco. Todos são equivalentes, viu, colega?

O que me chamou atenção hoje (03/02/2015) é que os dois participantes em questão, estão disputando o tal paredão. Ou seja, temos um misógino versus um misógino. Tá fácil, né?

Não sei qual mensagem um reality show passa e nem sei se há pretensão de passar alguma mensagem, afinal, entretenimento é isso: zerar o QI e não pensar em nada, só ver algumas bobagens, rir e seguir a vida. Espero que não dessa vez. Espero, sinceramente, que o BBB 15 sirva para debatermos ainda mais a questão da violência contra a mulher. Espero, na minha inocência recorrente e já conhecida por aqueles que me cercam, que a Globo exponha esses caras na edição e nos ajude a combater essa violência crescente no Brasil. Espero que as mulheres agredidas por esses dois participantes não sejam expostas, ou, se escolherem falar, que tenham voz.

Não quero dizer com isso que finalmente o programa deva ter alguma utilidade. Quero dizer com isso que talvez, finalmente, o programa tenha alguma utilidade.